Friday, January 09, 2015

Sentada à beira do rio, lavava os pratos do café da manhã dos hóspedes do hotel. Aí, à beira, comecei a cantar uma canção que sabia. Começou como um leve cantarolar e logo, dada a força do rio, já cantava mais e mais alto. Era como se cada gesto, cada movimento de uma tarefa que não estava acostumada, fosse se tornando mais e mais familiar, mais e mais automático, fluido. Naquele momento eu tive a certeza de estar conectada com todas as mulheres de todos os tempos de toda a humanidade. Elas estavam aí, lavando seus pratos, suas roupas, trocando histórias entre si, cantando suas canções a pleno pulmões para vencer o canto do rio. Elas estavam aí , observando as folhas caírem das árvores com uma rajada de vento, vendo suas proprias histórias refletidas na água turva de sabão de coco e areia. Naquele instante, nossas histórias se cruzaram e eu era uma delas também.