Tuesday, September 02, 2014

Pedrito cocktails

A batida sincopada da cumbia sai pelo alto-falante improvisado de uma perna manca. A música soa e retumba por todos as ruazinhas, pequenas como caminho de rato. Ressoa nas paredes, chacoalha as construções de barro com palha. Os cachorros, todavia, dormem serenos como se escutassem somente o som de mar que vem atrás. Na última camada de cumbia há um mar que grita sereno, com a madurez de quem já viveu o suficiente para não fazer estardalhaço e, ainda assim, se fazer notar.
Pedrito está apoiado contra a parede com os olhos perdidos em algum canto. A música alta, o mar enfurecido, as frutas todas aos montes, as bebidas todas organizadas meticulosamente por cores e ele, a postos, alerta, esperando com ansiedade esse primeiro cliente que há de vir, há de vir. A barraca do pedrito, os coquetéis do juan, as empanadas do Argentino, a música do Eduardo, os artesanatos todos empoleirados em metros e metros de pano. É como uma cidade fantasma onde só existe para vender e ninguém para comprar.
A cumbia se converte devagar em uma melodia melosa e um ritmo mais lento. A tristeza e a noite se armam esperando para ser.