Wednesday, September 03, 2014

La segunda persona del singular

aun me muero
de esa cosa rara
que se me sube fria
por el cuerpo caliente
cuando te acercas.

samba cancao, sem cedilha nem til

auto exílio
fuga e passos atropelados
margem
beiradas, quinas de mundo
caminhar como se nao houvesse e
assim
já nao há.
esse samba triste
nao se canta aqui,
aquele outro,
um pouco mais alegre,
tampouco.
o porteiro me sorri
e pergunta se falo espanhol.
creio que falo.
creio que tudo isso
que sai de minha boca
(ainda)
sao palavras.
sigo tateando
a cor das noites
de minha cidade
no teu corpo.
meus gatos
meus livros
meu trago
meu fim de dia
sem horizonte
nas linhas de expressao
do teu rosto.
traco as linhas do meu destino
na palma da tua mao
e me perco
de novo
e de novo
que esse papo todo
de amor,
de saudade,
de samba
nao se canta por aqui.

Tuesday, September 02, 2014

en el mientras el para siempre

Y se me borran las huellas
en tu piel de asfalto
Se me pierde el rumbo
en tu flujo sanguineo
gris casi negro
Mis memorias y tus carteles
son hechos de la misma materia
volatil
como el humo
del que la gente se protege
con su mascara

seguimos
seguimos
aspirando el aire de recuerdos
de esta cidade-ciudad
sin traduccion para mi lengua madre.
Soy extranjera
en tus laberintos de historia,
mis voces hacen coro
a tu sinfonia de latidos
inhumanos.

Vuelvo a la casa,
que tampoco me pertenece
pero
seguimos
seguimos
tu y yo
en ese encuentro
de cuerpos desconocidos.

(Bogota, agosto, 2014)

Pedrito cocktails

A batida sincopada da cumbia sai pelo alto-falante improvisado de uma perna manca. A música soa e retumba por todos as ruazinhas, pequenas como caminho de rato. Ressoa nas paredes, chacoalha as construções de barro com palha. Os cachorros, todavia, dormem serenos como se escutassem somente o som de mar que vem atrás. Na última camada de cumbia há um mar que grita sereno, com a madurez de quem já viveu o suficiente para não fazer estardalhaço e, ainda assim, se fazer notar.
Pedrito está apoiado contra a parede com os olhos perdidos em algum canto. A música alta, o mar enfurecido, as frutas todas aos montes, as bebidas todas organizadas meticulosamente por cores e ele, a postos, alerta, esperando com ansiedade esse primeiro cliente que há de vir, há de vir. A barraca do pedrito, os coquetéis do juan, as empanadas do Argentino, a música do Eduardo, os artesanatos todos empoleirados em metros e metros de pano. É como uma cidade fantasma onde só existe para vender e ninguém para comprar.
A cumbia se converte devagar em uma melodia melosa e um ritmo mais lento. A tristeza e a noite se armam esperando para ser.