Tuesday, August 20, 2013

Margens

gosto de recordar
cada palavra 
dita de relance,
espasmos
mentiras
inevitável encanto. 
gosto também
do teu gesto educado
de dirigir
desgovernado
aos buracos
do meu discurso
me perdendo,
de propósito,
na imensidão 
dos atos.

você sorri à distância,
sei,
embora não veja.
rio do teu sorriso
arrastando as margens
pra fora de curso,
águas
descarrilhadas
matando afogada
nossa sede
de tudo. 
eu rio de volta
consertando 
a violência
do teu não dito. 
botando os pedaços
de volta ao leito
segurando a onda
no grito

pra que a gente possa
dormir
a sós,
no caos,
em paz. 

Tuesday, August 06, 2013

adverte:

é fogo
é samba
é grito
é motim.

sem título 3


ar eufórico
inquieto
rasga
o pulmão
afônico,
sangue 
ferve
ao som
dos flashes,
luzes
riscos
roucos
do céu.

afrouxa
a roupa,
espera, 
respira,
aquieta.

que essa cidade 
toda
dentro da gente
vai passar.