Thursday, July 03, 2008

A entrada é uma porta de vidro lavado com posters de qualquer coisa meio simétrica meio desalinhada, nuns tons que beiram o exagero. O moço me chama pelo nome, quase me emociono. Os rostos são quase familiares de tão já-vistos, absolutamente desconhecidos por um simples não reconhecimento: é como se conhecesse os invólucros, corpos, com seus contornos, cabelos em volta, cores e pinturas no rosto mas sem especificidade alguma, sem conseguir distinguir o preto da blusa e o preto do olho.

As músicas perambulam pelos lapsos da partitura nos grafites estapafúrdios que maqueiam a chatice da parede branca, decorada também com luzes intercaladas que piscam - esse lugar é mesmo uma espelunca - eu penso - é só mais um daqueles buracos que ganharam glamour pela decadência, décadence avec elegance, eles diriam, pra justificar a névoa de cigarro que se forma porque não há janelas por perto.

A gente olha pro lado, tenta se sentir em casa nesses lugares, fica procurando desesperadamente aquele quê de casa, porque sei lá, a gente aprendeu que em casa é pra sentir seguro.